sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

EPITÁFIO



This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby

Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold

The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest

The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
Father, yes son, I want to kill you
Mother...I want to...fuck you

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock
On a blue bus
Doin' a blue rock
C'mon, yeah

Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end

Jim Morrison, The Doors, 1967

FECHO DO BLOGUE

Paisagens de papel está próximo do seu encerramento. Foi um espaço descomprometido e independente, um jorro de palavras, antes, ou em vez do livro. Não pretendi, nem pretendo filiar-me em qualquer escola ou tendência estilística literária, apenas e somente ser fiel aquilo que acredito ser a escrita: o primado da palavra.
Cumprida a sua função, para além, muito além do que poderá vir a ser uma edição em papel, resta-me agradecer a todos os leitores e visitantes o tempo que dedicaram a este jardim de folhas virtuais: aos meus filhos João Pedro e Mariana, à Ana Martins, Patrícia Carreiros, António Ferreira, Paulo Rita, Assunção Mendonça, Henrique Fialho, Anabela (um especial obrigado pela imagem gráfica da edição), Katine walmrath, Teresa Caeiro, Joana Serrado e outros que não nomeei, a todos o meu obrigado pela partilha.
Neste ano que agora se inicia, conto inaugurar um novo espaço, diverso deste, que iniciará um novo ciclo de escritas, que não deixarei no entanto de imprimir no papel, suporte primeiro para onde tenho, desde que me conheço, vertido os bocados incertos da minha alma.
Antes do fecho definitivo, conto aqui divulgar a data e local do lançamento do livro "Paisagens de Papel", quando tal fôr possível.
Abraço a todos,
Paulo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Escrita vadia

2010 - dia 6

Catedrais de ópio
artífices do sol, madeireiros
plantadores de batatas
apedrejadores profissionais
cenas de ódio
vendavais apagados
incêndios de fumo
(tudo o que cabe no balão
aquecido da cabeça)
na incandescente memória do grito
pensadores assalariados
barlavento erodido
cápsulas de metal, úvulas
patas de elefantes
poesia de meninos pobres
Vamos para onde neste deserto?
Tragam a bússola
perco-me

Construção naval



Do convés do peito
nascem-me peixes doirados
no profundo oceano da pele
os teus cabelos ondulam como cardumes
nesta última carta que te escrevo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

LHASA DE SELA - La voix



Sur la marée haute
Je suis montée
La tête est pleine
Mais le cœur na
Pas assez ...

Lhasa de Sela (1972-2010)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Sonho de ano novo

1.
Rasgou-se o cenário na orla do dia,
na recôndita dobra do ventre.
O calendário fissurou o tempo
e plátanos seculares
invadem agora o presente.
Recortadas sobre o chão lodoso
as folhas espalham poesia ao som do vento:
o som do silêncio
ecoava dentro da caixa selada
do peito.
O teatro, deus meu!
O Teatro!
A encenação de cada palavra
como um acto singelo.
Ao livro só falta um leitor.
Um único leitor que seja.

2.
Tenho andado embarcado,
à deriva.
Sem destino ou ponto
de partida.
Vivo no cais, rua do farol,
número um.
Daqui, deste vértice de terra e rochas,
avistam-se gaivotas
e nos movimentos desenhados de asas
reside a minha vida.
E a minha própria morte embarcada.
Espero um dia que esse barco me visite,
um dia límpido,
um barco azul de quilha alva, cortante.
Abraçá-lo-ei no intervalo de duas ondas,
como água de uma doçura impossível.

3.
Acordei esta noite sem água na memória
tudo secara, até as tuas mãos secas,
os dedos ossudos, desérticos
o anel boiava no dedo esguio.
Quando retomava o sono, tudo parecia
mais espaçoso e os jardins não mais necessitavam
de água, as flores rumorejavam
como asas de libéluas,
numa geometria de fogo pirotécnico.

2010

Sim, eu sei. Cheguei tarde a este ano novo. Mas cheguei mesmo a tempo de desejar a todos o melhor, apenas o melhor . Por mim, aqui estarei arremessando palavras a esta parede: caso as queiram ler. Se não quiserem ler, também serão bem vindos! Olhem apenas, ou escutem o vento.