quinta-feira, 17 de setembro de 2009

SONO

Quando não escrevo, estranho esta cabeça equina.
Quando as palavras não beijam o papel da minha pele,
Adormeço. Entro no sono profundo dos pássaros nos ninhos.
Sobe-me à cabeça um novelo irreal.
O Pacheco anda-me na cabeça, voa de encontro
às estantes desarrumadas deste ninho.

Hoje há um voo dentro de mim, igual a todos os bandos
de libertinos, que sobreviverão à minha morte.
A boca vai ruminando a literatura clandestina.
Ingerindo letargia até atingir o climax da noite.

Bebo-te a boca, a língua, o sexo ovulado.
Troco-te por um negócio de cama desalinhada,
A minha sede apetece-te tocá-la.

A seda desenhada na pele de vinho,
Abraças-me e a madrugada entra-me
de rompante num corpo verde de seiva matinal.

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