Deposito o último cheque do ano
escrevi nele uma carta
ao ministro das finanças
dizendo que não tem cobertura:
que é o resultado da crise
de valores em que me encontro.
outros terão valores mais altos
e as mãos enterradas em merda
mãos e patas neste lodaçal
passa-me o país pelas mãos
nas folhas dos jornais e tudo
tudo parece ficção.
Guardo as últimas edições
de contos para encadernar
e vão direitinhas para a galeria
dos contemporâneos.
Antes que se tornem clássicos
no pouco tempo que é já amanhã
e ainda me falam do ar
daquela fímbria de ar respirável
dum arco imaginário no céu
quando tudo isso tomba
de borco na irrespirável latrina.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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