Uma mulher descansa
exausta do trabalho
solta um lamento, não de prazer
um gemido
a sua vida esbate-se na sombra
da parede baça
a mesa ao centro da casa
está posta e espera
por quem não chega
mas essa espera desenvolve-se
sempre incessante nos dias
da ausência de algúem
que a torna ausente
ela tornou-se no próprio tempo
as espáduas erguem-se como ponteiros
na marcha dos minutos dos dias
e sempre a mesa ao centro
um naco de pão um prato redondo
um sol apagado lá fora
ninguém aparece
adormece
o poema tecendo nas suas mãos
um pano só
no linho da noite.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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Essa mulher seria Penélope?
ResponderEliminarPenélope de Ulisses poderia ser, mas escrevi-o a pensar em mulheres com 1001 nomes diferentes. Mulheres de ontem, de hoje.
ResponderEliminarMulheres de ontem que de forma transversal espetam sofregamente a essência da espera no peito das mulheres de hoje.
ResponderEliminarSim, são mulheres de 1001 nomes diferentes, mas todas com a incessante essência da espera por quem já não vem!
É isso. Mas também pode ser escrito no masculino.
ResponderEliminarClaro, há homens que não se fazem esperar, são eles os detentores da essência da espera!
ResponderEliminarBem haja!