domingo, 13 de dezembro de 2009

PRIMEIRO POEMA

Como se até agora nada tivesse escrito
lanço-me sobre a folha virgem, palavra gume
consumando o pecado original

a boca sangrando de vida
um fino cordão de dentro do ventre
como se a terra se abrisse inteira

a mão tremendo na busca da palavra
humedece o papel deformando-o
a escrita deforma o corpo fotográfico

opõe-lhe a luz à tinta opaca
que se espalha em camadas
como fresca madrugada
a escrita bebe-se inebriada solidão.

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