Vivo numa casa com oito casas dentro.
Seis estão desocupadas.
Quantas ficam?
Eu vivo no tecto da casa.
As janelas dão directamente para o céu,
como o tal vaso alado onde embarquei um dia,
rumo à cidade das torres gêmeas,
apagadas por uma borracha enorme,
do papel amarrotado da minha alma.
Para além de mim,
existe uma enfermeira e um gato na base da casa:
na banda colorida da sua saia.
Escuto a patética e nada mais se ouve
nos restantes sete oitavos deste poço de almas.
Há outros poemas espalhados pela casa:
outros poetas.
Existem vozes límpidas neste conjunto de casas edificado,
que acordam amanhecendo envoltas em papel
e neblina espessa.
Há poemas circulando na seiva desta árvore de brincar,
onde as tuas mãos um dia vão habitar.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
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