"No meu meio, ensinavam-me que a vida era a fonte da literatura e que a literatura devia ser fiel à vida, fiel à sua verdade. E o meu erro foi precisamente ter-me afastado da vida, ter ido contra a sua verdade. A verdade da vida não se assemelha à sua imagem exterior. A verdade, isto é, a natureza da vida deve ser tal e qual ela é e não de modo diferente. Se me afastei desta verdade foi porque só expus uma série de fenómenos da vida que não podem, como é evidente, reflecti-la correctamente. O resultado é que acabei por seguir apenas por uma falsa estrada, deformando a realidade.
Actualmente, não sei se caminho realmente pela boa via; de qualquer modo quero deixar o mundo literário em plena efervescência e fugir do meu quarto sempre cheio de fumo de tabaco. Os livros que nele se amontoam oprimem-me, ao ponto de me impedirem de respirar. Expõem todas as espécies de verdades, desde a verdade histórica até à verdade do comportamento humano, e eu já não sei que utilidade elas têm. No entanto, elas entravam-me e eu debato-me nas suas redes, vivendo como um insecto apanhado na armadilha da teia de aranha."
in A Montanha da alma, Gao Xingjian, Ed. Dom Quixote, pag. 25
Actualmente, não sei se caminho realmente pela boa via; de qualquer modo quero deixar o mundo literário em plena efervescência e fugir do meu quarto sempre cheio de fumo de tabaco. Os livros que nele se amontoam oprimem-me, ao ponto de me impedirem de respirar. Expõem todas as espécies de verdades, desde a verdade histórica até à verdade do comportamento humano, e eu já não sei que utilidade elas têm. No entanto, elas entravam-me e eu debato-me nas suas redes, vivendo como um insecto apanhado na armadilha da teia de aranha."
in A Montanha da alma, Gao Xingjian, Ed. Dom Quixote, pag. 25
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